quinta-feira, 20 de abril de 2017

Matéria na Rolling Stone Brasil

Copiamos aqui uma matéria da Rolling Stone Brasil com Milke, sobre o disco novo 8

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Após cinco anos sem disco, Incubus retorna com rock explosivo e letras pessoais em 8.
"Esse álbum é muito pessoal, mostra muitas vunerabilidades", diz o guitarrista Mike Einziger sobre o trabalho, que teve forte contribuição de Skrillex.

por 
JULIA DE CAMILLO
 

Quando o Incubus voltou ao estúdio em 2016 para começar a trabalhar em músicas novas, o vocalista Brandon Boyd chegou a afirmar que aquilo que estava tomando forma seria um EP. Mais especificamente, o Side B do EP Trust Fall, cujo Side A foi lançado em 2015. O que nenhum dos integrantes da banda esperava era a grande quantidade de material que acabaram por produzir: nascia então um novo disco cheio, chamado 8.
“Nós sabíamos que o nosso público não queria um EP, eles queriam um álbum completo”, explica o guitarrista Mike Einziger. If Not Now, When? foi o último lançamento desse tipo da banda, em 2011. No entanto, a criação de 8 se deu de maneira orgânica: “Eu acho que uma das coisas que nos permitiu existir por 26 anos é que nós não sentimos que precisamos apressar o processo”. Inicialmente, Einziger e Boyd alugaram uma pequena casa em Venice, um dos distritos de Los Angeles, Estados Unidos, e se debruçaram para compor as formas básicas das canções.
O processo foi “desafiador”, como define Einziger. O Incubus não tinha em mente levantar alguma bandeira política, como têm feito muitos artistas norte-americanos (principalmente devido à eleição de Donald Trump como presidente), e manteve-se com um apelo emocional e letras pessoais. “Nós temos uma abordagem diferente em relação à política”, diz Einziger. “Nossa música tende a ser mais pessoal e, subjetivamente, as pessoas podem aplicar as visões políticas delas a qualquer coisa que elas quiserem.”
“Eu diria que esse disco é muito pessoal, mostra muitas das vulnerabilidades de Brandon [Boyd] e há temas no álbum que se relacionam à ideia de envelhecer, ter consciência da sua mortalidade e das suas próprias falhas, imperfeições e idiossincrasias. Foi um disco desafiador para Brandon, especificamente, e para a escrita dele. Ele se abriu muito em 8 e escreveu algumas coisas muito simples, mas que foram muito difíceis para ele colocar no papel.”
Por volta de setembro de 2016, o restante da banda – Ben Kenney (baixo), Jose Pasillas (bateria) e Chris Kilmore (teclados) – se juntou aos dois em estúdio para começar a de fato gravar as faixas. “Quando os outros caras se juntam, é quando as músicas começam realmente a se parecer com músicas do Incubus. É quando todo mundo acrescenta sua própria personalidade no que está sendo produzido.”
Desde então e até fevereiro de 2017, o Incubus estava em estúdio gravando e mexendo nas músicas. “As canções passaram por muitas mudanças antes de se tornaram as versões que estão no álbum. O processo foi fluído, tudo mudou muito ao longo dele, mas acabou sendo ótimo, porque foi meio que a primeira vez em que o Incubus foi tão flexível assim. Todos da banda estavam abertos a tentar coisas novas e a fazer as músicas terem um som diferente do que nós tínhamos antes. Se fosse de outra maneira, acho que nós ficaríamos entediados.”
A única colaboração em 8 é de ninguém menos que Skrillex. A parceria “inesperada” aconteceu naturalmente. Skrillex é amigo de Einziger e foi ao estúdio um dia ouvir o que o Incubus estava criando. “Familiar Faces” acabou despertando a atenção do DJ: “Ele a ouviu e disse que era a música favorita dele, e nenhum de nós conseguia entender por que ele achava que essa faixa era melhor que as outras. Mas a verdade é que ele gostou da música porque ele enxergou nela algo que ele queria mudar”, conta Einziger. Skrillex perguntou se poderia levá-la ao estúdio ao lado e fazer algumas mudanças.
“Eu diria que havia grandes chances de esta música não entrar no álbum”, confessa o guitarrista. Os integrantes do Incubus deram permissão e, algumas horas depois, foram surpreendidos com uma música melhorada. “Quando ele voltou e tocou a faixa para nós, ele havia editado ela de maneira diferente, ele tirou um pedaço da canção. E acabou se tornando uma música melhor. Todos nós ficamos chocados por ele ter feito isso tão rapidamente e por soar tão bem.”
“Então nós tínhamos esse problema em que havia uma música que parecia mais grandiosa que as outras”, continua Einziger. A solução foi convidar Skrillex a ficar mais alguns dias em estúdio – “Skrillex está muito ocupado ultimamente, então é difícil encontrar o tempo para trabalhar junto” – e ajudar o Incubus com algumas outras músicas. Como resultado surpreendente, eles passaram duas semanas inteiras juntos e o DJ acabou fazendo a mixagem de todo o disco e coproduzindo várias faixas, incluindo a já citada “Familiar Faces”.
O primeiro gostinho que os fãs tiveram de 8 foi o single “Nimble Bastard”, divulgado em fevereiro. “É uma música sobre alguém que consegue superar obstáculos muito difíceis e ainda se manter de pé. Não é apenas sobre isso, mas é sobre ter inveja dessa pessoa, então é, na verdade, um elogio”, define o guitarrista.
Einziger ainda comentou sobre a vinda do Incubus ao Brasil em setembro, como uma das atrações do Rock in Rio. A banda toca no Palco Mundo no dia 23, em que The Who e Guns n’ Roses encerram as atividades do festival. No entanto, não é a primeira vez que o Incubus divide o palco com esses dois artistas. No festival de Reading e Leeds de 2002, na Inglaterra, a banda estava no line-up ao lado da formação do Guns n’ Roses que Axl Rose havia reunido à época. Em relação ao The Who, o Incubus fez parte de uma edição do VH1 Rock Honors em homenagem aos britânicos em 2008, tocando algumas covers ao lado de bandas como Pearl Jam, Foo Fighters e Tenacious D. Sobre o Rock in Rio deste ano, Einziger diz que “é uma honra tocar com bandas que nós crescemos ouvindo e que tiveram uma influência tão grande no rock em geral”

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