quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Brandon, Mike, Jose e Kilmore relembram a gravação, as turnês e o início da fama com o Make Yourself.




Hold The Wheel and Drive: O Incubus olha para trás com seu clássico metal alternativo 'Make Yourself' 20 anos depois


Brandon Boyd, Jose Pasillas, Chris Kilmore e Mike Einziger relembram velhas histórias sobre seu terceiro álbum de estúdio para a Recording Academy.


Por: Nick Fulton





Quando o relógio bateu meia-noite, em 31 de dezembro de 1999, o rock estava no auge. O Red Hot Chili Peppers dominava o Billboard Charts com músicas de seu sétimo álbum de estúdio, Californication, que também foi indicado ao Melhor Álbum de Rock no GRAMMY Awards daquele ano. Os reis do nu-metal Korn, Limp Bizkit e Sevendust haviam se posicionado ao lado de pesos pesados do rock and roll como Megadeth, Melvins e Motörhead no circuito do festival de verão. E misturado entre todo esse barulho estava uma banda de rock de Calabasas, da Califórnia, chamada Incubus.

No final da década, no entanto, o Incubus se viu meio confuso. Embora eles tivessem feito sua estréia com gravadora com o segundo álbum S.C.I.E.N.C.E em 1997 e excursionado por 1998 no lineup do Ozzfest, com deuses do rock como Black Sabbath, Pantera e Rammstein, o som agressivo da época nunca foi muito bem adequado para banda.

Enquanto o S.C.I.E.N.C.E era certamente um disco sólido, ele simulava principalmente o que estava acontecendo em outros lugares do rock na época. Seus pontos fortes foram os momentos mais leves e melódicos, onde o vocalista Brandon Boyd cantou sem o imediatismo do heavy metal, sobre ondas firmes de violão e de scratches de toca-discos. O Incubus logo se moveria mais nessa direção.

Quando eles entraram nos estúdios da NRG, em North Hollywood, no início de 1999, para gravar seu próximo disco, eles entraram com um plano para se diferenciarem. Armados com uma série de demos que haviam gravado em um estúdio de ensaios, começaram a trabalhar no que se tornou seu trabalho mais ambicioso até hoje.

Lançado em 26 de outubro de 1999, o Make Yourself empurrou o Incubus para o mainstream. Eles conseguiram tempo no rádio e na MTV, e conquistaram uma audiência que não era mais predominantemente de caras vestindo camisetas pretas de metal, calças largas e correntes de carteira. Os três singles do álbum, "Pardon Me", "Stellar" e "Drive" ficaram nas paradas de rock alternativo da Billboard. O videoclipe de "Drive" foi indicado ao MTV Video Music Award ao lado dos titãs pop Y2K * NSYNC e Destiny's Child. Eventualmente, Make Yourself ganhou disco duplo de platina.

Esta é a história de como tudo aconteceu, do Ozzfest ao estúdio, voltar à estrada, onde o Incubus descobriu um novo público para se conectar à sua paleta sonora mais suave.




Acampamento de verão de rock and roll

Chris Kilmore (DJ): [Ozzfest] foi como um acampamento de verão de rock and roll. Muitas coisas aconteceram nessa turnê que você definitivamente não poderia fugir hoje. Todos nós somos caras muito respeitosos, com pais que nos ensinaram moral, mas éramos tipo, uau, isso poderia ficar louco se deixássemos sair do controle.

Jose Pasillas (bateria): Nós vimos loucuras que aconteciam que eu acho que deixariam alguém desconfortável, nós éramos tipo calouros na escola vendo os mais velhos enlouquecerem. Mas isso realmente não nos abalou em relação as nossas crenças e como vimos o mundo, sabíamos o que queríamos ser e o que não queríamos ser.

Brandon Boyd (Vocais): Foi selvagem. A internet existia, mas não da maneira que existe agora. Muitas coisas foram filmadas em câmeras descartáveis de 35 mm, então há fotos ridículas daqueles momentos "eu te desafio a ...". Eu nunca fui muito festeiro, então provavelmente tiveram muitas coisas que não eram para mim, mas eu não me arrependo de não ter participado dessa maneira. Eu sempre fui mais um observador silencioso.

Mike Einziger (Guitarra): Essa turnê fomos nós, System Of A Down, Tool, Megadeth e muitos outros. Era pesado. Todos nós gostamos de música pesada, crescemos ouvindo e tocando música pesada, mas queríamos ser diferentes da música masculina, agressiva e movida a testosterona que estava acontecendo naquele momento. Então, o Make Yourself foi a nossa tentativa de seguir um caminho diferente.

Fazendo o Make Yourself

Brandon: Começamos o álbum trabalhando com um cara com quem trabalhamos no S.C.I.E.N.C.E, um cara [produtor] realmente maravilhoso chamado Jim Wirt. Começamos com ele e não estava indo muito bem, então nos separamos dele e gravamos a maior parte nós mesmos.

Chris: Eu acho que Jim naquela época estava em uma fase difícil da vida, e não acho que ele pudesse dedicar o tempo necessário e concentrar sua energia no que estávamos lançando.

Jose: Passamos algumas semanas gravando coisas e acho que tivemos duas visões diferentes. Sinto que paramos e pensamos: podemos fazer isso sozinhos e fazer exatamente como queremos. Então, mantivemos o mesmo engenheiro e pensamos, vamos fazer um experimento e não ter um produtor.

Mike: Era um pouco assustador estar com jovens de 19 e 20 anos, em um estúdio de gravação que custa milhares de dólares por dia. Mas nossa equipe da A&R da Epic Records confiava na nossa visão. Tinhamos essas demos das músicas que criamos, e elas foram muito boas - eram versões demo da maioria das músicas do Make Yourself. Nós gravamos em um estúdio de ensaio e as mixamos em um estúdio real com um engenheiro de mixagem. Acho que, com base nisso, a gravadora sabia que éramos totalmente capazes de entregar um produto que soaria bem.

Brandon: Foi meio divertido ter Scott Litt, porque todos nós temos consideração e respeito por ele, por conta do seu trabalho com R.E.M e Nirvana. Quando ele entrava, era sempre tipo: "Scott está aqui, espero que estejamos fazendo um bom trabalho".

Jose: Mike estava conversando com Scott anteriormente, apenas como uma opção possível, mas acho que na época ele tinha outras obrigações. Demorou algumas semanas para ele chegar e começar a ouvir o que estávamos tocando.

Mike: Nós conhecemos Scott no final de 1995 ou no início de 1996. Ele tinha começado uma gravadora com algumas outras pessoas influentes no ramo da música, uma gravadora chamada Outpost Records que lançava discos pela Geffen [Records], e eles estavam interessados em assinar com a gente. Foi assim que nos conhecemos e, através desse processo, conheci Scott muito bem. Eu estava trabalhando com Scott o tempo todo. Eu liguei para ele e convidei para ir ao estúdio, mas acho que ele estava passando por algumas coisas pessoais na época que o desencorajavam a se envolver com o que estávamos fazendo. Mas então houve uma oportunidade em que eu o fiz descer [ao estúdio], e acho que depois que ele ouviu as músicas e o estado em que elas estavam, ele percebeu que tínhamos uma ótima música. Lentamente, ele começou a aparecer mais no estúdio e depois começou a nos ajudar a mixar.

Brandon: Scott realmente se preocupou com o que seriam os singles e dedicou muita energia a "Drive" e "Stellar". Definitivamente, tivemos um grande impulso sônico quando ele entrou a bordo.

"Battlestar Scralatchtica"



Chris: Tenho certeza de que Brandon tinha consulta com um dentista ou algo que significava que ele não poderia estar no estúdio, e os estúdios são caros, por isso não queriamos perder o dia.

Brandon: Me lembro de voltar para o estúdio e eles estavam com esse funk scratch acontecendo. Eu estava animado porque parecia tão legal, mas também irritado porque eu não tinha nada a ver com isso.

Chris: Cut Chemist e Nu-Mark estavam no estúdio do lado, então fui lá e perguntei a eles. Eu disse: “Ei, acho que vamos fazer um scratch em toda essa música que acabamos de escrever, vocês teriam interesse em fazer um verso?” Eles ficaram tipo: “Sim, o que você precisar” e até o final do dia tivemos "Battlestar Scralatchtica".

Brandon: Eu disse, vocês têm que me deixar dar um nome a ela, pelo menos, então eu criei "Battlestar Scralatchtica". Foi a minha única contribuição para a música.


Batendo as ondas de rádio


Jose: Na primeira vez em que eles tocaram "Pardon Me" [no rádio], estávamos naquele pequeno campo de golfe Par 3 no vale. Sabíamos que Stryker tocaria às 4:20, ele tocou uma banda local ou algo parecido às 4:20 tocou "Pardon Me".

Chris: Estávamos no estacionamento com as portas do carro abertas, conversando juntos e eles tocaram.

Jose: Nós estávamos tão extasiados. Foi uma sensação incrível ter a chance de ser ouvido no rádio. Foi super especial e foi o começo de uma nova era para a gente.

Brandon: Foi um momento emocionante. Difícil de descrever. Eu não acho que foi como algo que qualquer um de nós já tenha experimentado, ouvir algo que você dedicou tanto tempo, energia, amor e esforço ser tocado para muitas pessoas, como provavelmente dezenas de milhares de pessoas. naquele momento.

Pardon Me (Acoustic)



Brandon: "Pardon Me" foi a primeira música tocada nas rádios comerciais, mas não estava necessariamente indo muito bem.

Mike: Brandon e eu tocamos [uma versão acústica] de "Pardon Me" em várias estações de rádio diferentes e, assim que fizemos, essas estações de rádio começaram a tocar a versão acústica que haviam gravado da gente tocando em seu estúdio. 

Brandon: Mikey e eu íamos tocar essa música, e várias outras, quase todas as manhãs. Na verdade, foi realmente difícil como cantor, tenho certeza de que outros cantores de todo o mundo podem confirmar, cantar logo no início da manhã. Foi uma punição cruel e incomum, mas acabou sendo muito legal, porque, ao meu conhecimento, não havia muitas bandas realmente dispostas a aparecer com um violão em uma estação de rádio e fazer uma performance ao vivo.

Jose: Nenhuma banda de rock estava fazendo isso. Nenhuma banda de rock jamais entrava e tocava uma música acusticamente.

Mike: Então houve uma reação a isso e começamos a receber pedidos de praticamente todas as estações de rádio para tocarmos músicas acústicas na estação deles. Mas simplesmente não era viável fazer isso.

Brandon: Eu acho que estávamos em turnê com o Primus no final de 1999, e em um dia de folga ou na manhã de um show, Mikey e eu fomos gravar uma versão acústica.

Mike: Nós simplesmente não conseguimos atender à demanda das pessoas que queriam que fossemos tocar em suas estações de rádio, então começamos a enviar para todos esta versão acústica [que nós mesmos gravamos] e ela começou a ser muito tocada.

Chris: Eu acho que foi isso que permitiu que as estações de rádio se sentissem bem em tocá-la, porque estávamos fazendo algo especial para elas, e acho que o fato de termos feito isso, levou esse single tão longe.

Mike: A partir daí, mudou naturalmente para a versão do álbum da música e nossa popularidade começou a aumentar muito rapidamente. O KROQ patrocinou o single e a MTV começou a passar o vídeo, e a versão do álbum explodiu.


Drive



Brandon: O ciclo do álbum terminou. Nós terminamos a turnê do Make Yourself e estávamos trabalhando ativamente no que se tornaria o Morning View. Nossas cabeças estavam em um lugar diferente, então quando essa música começou a ser tocada na televisão, foi uma surpresa inesperada.

Mike: Nós fizemos uma turnê do Make Yourself e vendemos cerca de um milhão de álbuns. Lembro de quando o álbum ganhou disco de platina. "Drive" saiu depois disso e vendemos mais um milhão de álbuns. Foi um momento muito emocionante para nós, o sucesso continuou se acumulando e tudo fazia sentido para mim naquele momento, mas olhando para trás agora, eu meio que não consigo acreditar.

Chris: Eu não conseguia acreditar que "Drive" chegava ao número 1, mas não conseguia acreditar que "Stellar" chegava ao número 2 antes disso, e não podia acreditar que "Pardon me" chegava ao número 3.

Brandon: Foi emocionante, especialmente a maneira como nos deu essa explosão no momento que estávamos entrando no próximo álbum. É algo que você nunca pode realmente planejar.

"Tire a p** da sua camisa”

Nick Hexum (vocalista do 311): Após o lançamento do Make Yourself, lembro de dizer a Mark McGrath [do Sugar Ray]: "O que aconteceu com o Incubus? Eles são repentinamente essa banda americana totalmente importante. Gostávamos deles antes, mas meio que ficou confuso e perdido com a complexidade deles. Agora eles são foda!"

Brandon: Durante todo o S.C.I.E.N.C.E, e depois da turnê do Make Yourself, apareceríamos nos lugares e mais pessoas apareciam, cada vez mais, mas todos se pareciam com a gente, eram jovens. As pessoas estavam se debatendo e jogando coisas, era como um clube de garotos.

Chris: Durante o S.C.I.E.N.C.E, nosso público era todo adolescente vestindo preto e todos eram homens. Quando "Pardon Me" começou a ganhar força, a multidão se transformou em multidões de garotas. Então, quando "Stellar" e "Drive" foram lançadas, aquelas multidões de garotas se tornaram adolescentes gritando na primeira fila.

Brandon: Foi muito interessante. Eu nunca soube como era ser objetivado e, depois de tirar minha camisa na televisão, se eu não fizesse isso nos shows, você ouvia mulheres gritando: "Tire a porra da sua camisa". Foi uma experiência interessante, mas eu meio que me enrolei com ela. Muitas roupas de baixo estavam sendo jogadas no palco nessa época. Qual é a mensagem: onde mulheres jovens ou de todas as idades não sentem que precisam usar suas roupas de baixo, a lógica por trás disso era algo muito incomum. A outra coisa fascinante era tipo: elas trouxeram outra extra com elas? É roupa íntima, como eles tiraram isso na platéia? Algum truque mágico de Zoolander? Lembro no filme original de Zoolander: na cena do passeio onde Hansel coloca as mãos nas calças na passarela e tira a roupa de baixo, sempre presumi que era assim que as mulheres tiravam suas roupas de baixo e as jogavam no palco .

Nick Hexum: Nós fizemos uma turnê com o [Incubus] na Europa e eu me lembro de Brandon dizendo que sua parte favorita em nossa música "You Wouldn't Believe", era onde eu substitui o último refrão por um grande momento de 'Whoa-oh' da multidão cantando. Eu disse: "Bem, faz sentido que você goste dessa parte porque estou fazendo minha melhor impressão Incubus". É bom deixar a multidão participar de algo realmente simples, sentir a energia coletiva. O Incubus são os reis disso.

Lutando com a fama

Chris: As coisas estavam crescendo e sim, a gravadora nos pegava em limusines e nós começávamos a voar em jato particular de vez em quando, mas na maioria das vezes eram só negócios, como sempre.

Brandon: Acho que o que mais notei foi como as pessoas reagiam a mim em situações normais do dia a dia. No final dos anos 90 e início dos anos 2000, a cultura das revistas era muito mais poderosa do que é hoje. Lembro de estar em um quiosque do aeroporto pegando um pacote de chiclete e estava na capa de uma revista chamada Seventeen. Eu estava lá e vi um cara de meia-idade, olhei para ele e depois olhou para mim e disse: "Ei, é você?" E eu disse: "Sim, acho que sim", e ele diz: "Ei pessoal, olhe, é o cara na capa desta revista". Ele me chamou assim totalmente em público. Então as pessoas começaram a me cercar, começaram a comprar a revista e me fizeram assinar. Muitos deles nem sabiam quem eu era ou o que eu fazia, mas nos Estados Unidos temos uma cultura estranha de adoração a celebridades. Há uma escuridão que é um pouco estranha.




O Incubus está atualmente em turnê de comemoração dos 20 anos do Make Yourself, com datas marcadas até dezembro. Veja todas as datas listadas aquiAcompanhe fotos, videos e tudo sobre a turnê pela nossa página do facebook e instagram




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