sexta-feira, 31 de março de 2017

Entrevista com Mike - Tenho Mais Discos que Amigos

Copiamos aqui uma entrevista bem interessante com Mike, que saiu hoje no site Tenho Mais Discos que Amigos.

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Entrevista por Nathália Pandeló Corrêa e Daniel Cor

Com 26 anos de história, o Incubus ainda se reinventa. Prestes a lançar seu novo álbum de estúdio, 8, a banda californiana busca novos horizontes com a co-produção do Skrillex e uma nova tour que chega ao Brasil no fim do ano, no Rock in Rio.
Conversamos com o guitarrista Mike Einziger sobre a produção do disco, a história da banda e os novos rumos.
TMDQA!: Oi Mike! Obrigada por tirar esse tempo para conversar, apesar da correria com o novo disco! Aliás, tive a oportunidade de ouvi-lo agorinha, em primeira mão.
Mike: Poxa, que legal! Espero que tenha gostado!
TMQDA!: Gostei e quero compartilhar com você o que ele me passou! Eu diria que como os seus trabalhos anteriores, esse é bem amplo, tanto musicalmente quanto vocalmente. Ao longo do disco inteiro, fica uma sensação de que há uma narrativa ali, como se existisse um quadro maior do que o universo de cada música separada. E como em boas histórias, do nada vinha algo surpreendente, fosse uma faixa instrumental, o Brandon falando ao invés de cantar, etc. Pra vocês também ficou essa sensação de que vocês acabavam saindo em um território desconhecido, de que não sabiam no que aquilo tudo ia dar?
Mike: Aí é que está: a gente nunca sabe no que vai dar quando começa a gravar um disco! (risos) Acho que essa é uma das belezas, mas também um dos maiores desafios, de se viver de música. Toda vez que a gente decide partir para um novo disco, não adianta planejar tudo. Até porque, quando a gente planeja, nunca dá certo. O que fazemos é seguir os instintos e ver no que dá, vamos tocando e quando fica legal, nós sentimos. Aliás, o grande desafio é esse, de reconhecer quando se tem algo legal em mãos. E com esse disco, nós sentimos muito isso! Quando chegou a hora, todos nós pensamos: “Ok, está pronto, vamos colocar no mundo”.

TMDQA!: Acho que muitas pessoas também podem se surpreender que vocês não apenas colaboraram com o Skrillex, como ele passou semanas inteiras trabalhando com vocês e mixou o disco. Sendo o produtor que é, de que forma exatamente ele contribuiu com o processo criativo de vocês – foi algo mais próximo do trabalho eletrônico, pelo qual é mais famoso agora, ou um retorno às raízes no rock que ele tem?
Mike: É curioso, porque essa colaboração aconteceu de forma totalmente não planejada. Foi realmente inesperado, tudo se desenrolou muito naturalmente. O Skrillex é um amigo próximo meu, já me chamou pra tocar em algumas produções dele, mas foi sempre assim, nunca o oposto, dele colaborar nos nossos trabalhos. Mas um dia a gente estava conversando e ele perguntou se não podia ouvir algumas das músicas novas. Eu mostrei e ele pediu pra ficar com a gente em estúdio, passar um tempo por lá. Nós topamos, ele chegou e já começou a se dar bem com todo mundo. Ele é esse cara, que você pode jogar em qualquer ambiente com qualquer pessoa, e ele vai conseguir conversar e se dar bem. Ele é bem aberto nesse sentido, de se conectar à pessoas em volta dele. Então ele deu uma sugestão pra uma das músicas, que é “Familiar Faces”, e todo mundo ficou muito empolgado. Porque basicamente ele pegou e cortou um trecho inteiro que se repetia ao longo da duração da música e instantaneamente ela se tornou uma canção melhor. Então não foi nada louco, ele não chegou com seus equipamentos eletrônicos (risos). Mas no fim dessa música, ele já tinha ajudado a elevar o nível do disco, o que significava que as outras músicas tinham que estar à altura. E começamos a nos perguntar se ele não poderia ficar mais um dia, ou mais uns dias… E foi assim que “uns dias” viraram algumas semanas (risos).
TMDQA!: Bom, entre um disco e outro, vocês lançaram o EP Trust Fall – Side A. Isso significa que já podemos esperar o lado B para sair entre o 8 e o disco seguinte?
Mike: Eu diria que não tão breve assim. Nós lançamos esse EP meio que como um experimento. Nós não sabíamos quais seriam os próximos passos, então pensamos, “vamos lançar um EP”. Nós tínhamos uma turnê pra fazer, mas o tempo era curto. E aí saímos pra fazer os shows, e o que sentimos foi que, apesar de ficarem felizes em terem esse novo EP, os fãs queriam mesmo um disco inteiro. Então quando paramos pra fazer esse novo, pensamos o seguinte: 1) nossos fãs claramente preferem um disco a um EP; e 2) nós tínhamos uma quantidade suficiente de músicas boas pra fazer um álbum cheio. Então fez muito mais sentido dessa forma.
TMDQA!: Acho que não vão reclamar, tem muito mais Incubus dessa forma! (risos)
Mike: Exatamente! (Risos)
TMDQA!: O motivo de vocês estarem juntos há tanto tempo é que começaram bem jovens, ainda no colégio. Enquanto tocavam “Drive” ou “Megalomaniac”, essa era a trilha sonora de muita gente no ensino médio também (incluindo eu). Claro que vocês seguem presentes, sem mencionar as bandas que influenciaram desde então. Mas olhando pra trás, após 8 discos, você sente que já construíram um legado ou que pelo menos foram parte de um capítulo importante pra música ali do fim dos anos 90, início dos 2000?
Mike: É louco pensar que o Incubus já teve essa jornada, sabe? É uma carreira muito longa, estamos há 26 anos juntos. E tem sido uma carreira muito positiva, apesar de ter tido seus desafios. Estamos muito orgulhosos do que a gente conseguiu fazer até agora, somos gratos a todos que nos apoiaram e, claro, aos fãs, que compraram os discos, foram aos shows… É uma viagem muito louca, então estamos só agradecidos! Mas nessa trajetória toda, pudemos acompanhar muitas transformações, até mesmo no nosso som. Nós nunca fomos uma banda fácil de classificar, acho. Mas nesse caminho, tivemos a oportunidade de conhecer pessoas que normalmente não conheceríamos. Por exemplo, passamos um tempo em turnê com o System of a Down, que é uma banda que a gente admira muito, mas que tem um som mais pesado que o nosso. Daí fizemos turnê com o Moby, Nelly Furtado…
TMDQA!: Nelly Furtado?
Mike: Sim, ela fazia parte dessa tour. Até hoje somos amigos!
TMDQA!: Que legal! Então vocês puderam circular em muitas cenas, né?
Mike: Exato, também tinha o Outkast, por exemplo. Então nesse contexto, nós éramos a banda mais rock ‘n roll de todas! (risos) Mas com essa coisa da gente não se identificar explicitamente com um tipo de música, uma categoria mais formal, também significava que a gente não se encaixava em lugar nenhum… E em todos os lugares, ao mesmo tempo. É meio louco pensar isso, talvez não faça muito sentido, mas era bem assim mesmo (risos).
TMDQA!: Falando nisso, em setembro tem Rock in Rio! Vocês estiveram no Brasil antes, mas hoje vocês voltam já em outro capítulo de suas carreiras. Tocar ao vivo é uma experiência diferente pra vocês agora? E algumas surpresas no setlist? Vamos poder matar a saudade de alguma música que já não tocam há um tempo?
Mike: Ah, a gente só tá feliz de voltar pro Brasil! Já faz um tempo que estivemos aí, né? Mas acho que em geral somos bons em montar shows levando em conta o que as pessoas querem ouvir de nós. Claro que depois de tantos discos, não dá pra incluir boa parte das músicas. Um bom equilíbrio é o que público espera e o que nos empolga de tocar, que seja um entretenimento para nós também. Sabemos que o pessoal vai querer ouvir as mais clássicas do Incubus, então não vamos deixar a desejar nesse sentido!
TMDQA!: O nome do nosso site tem tudo a ver com a companhia importante que música é nas nossas vidas, sendo uma verdadeira amiga mesmo.
Mike: Sim, isso é muito verdade.
TMDQA: Sim! E como sempre pedimos aos músicos para falarem sobre os discos importantes para eles, queria saber qual é “o” disco do Incubus pra você. Aquele que você dá play e te deixa feliz, te faz bem.
Mike: Complicado, porque eu não consigo ouvir as músicas do Incubus igual qualquer ouvinte, sabe? Sou crítico nessas horas! Mas tem um disco, o Monuments And Melodies, que lançamos como uma coletânea do que vínhamos fazendo até ali. Esse é um bom resumo da nossa carreira até aquela época [2009], então eu diria para as pessoas ouvirem esse álbum se quiserem conhecer nosso som. Mas é claro que eu acho nosso último disco o melhor de todos! Com certeza é esse que eu vou estar ouvindo! (Risos)
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