Entrevista traduzida com Mike, do site espanhol Binaural.
Mike Einziger: "Cada um dos nossos álbuns é como um álbum de fotos"
Entrevistamos o versátil guitarrista da banda californiana
por Pablo Porcar
Agradando ou não, poucos são os grupos dos anos 90 que colheram o reconhecimento internacional do Incubus. Liderada por um dos "frontmans" mais carismáticos do circuito alternativo, a formação alcançou um teto midiático entre 1999 e 2001 com o lançamento do "Make Yourself" e "Morning View", para depois experimentar diferentes texturas melódicas com o pouso de “A Crow Left of the Murder” (2004) e “If Not Now, When?” (2011).
Foi em agosto, quando os caras de Calabasas passaram por Madri (La Riviera) e Barcelona (Razzmatazz) para promover a turnê do último disco lançado “8”. Nessas ocasiões geralmente não se tem tempo, então jogamos todas as nossas cartas para ver se, felizmente, poderíamos nos encontrar com Mike Einziger em Barcelona. No final, todas as estrelas se alinharam e conseguimos conversar com o guitarrista em um encontro descontraído realizado no Rex Room de Razz.
Em 2011 vocês lançaram “If Not Now, When?”, um disco em que você trouxe o seu som mais pra perto, mais minimalista, chegando a desconstruir completamente as bases dele. Quase uma década se passou ... Como você vê esse disco agora?
Eu disse isso muitas vezes, mas é a verdade. Cada um dos nossos álbuns é como um álbum de fotos. Eles me lembram de um tempo muito específico, e também de lugares muito específicos. Quando compusemos essas músicas, quando as gravamos, etc. Tem que se entender: eu não escuto o álbum ou assimilo da mesma forma que as pessoas costumam fazer. É uma experiência diferente para mim. Foi divertido fazer esse disco. E é incrível ver a rapidez com que o tempo passou desde então.
Foi curioso ver como você saiu do som "minimalista" de “If Not Now, When?” para algo mais rock como o mostrado em “Trust Fall (Side A)” ou no último disco “8”. Esteticamente dá a sensação de que você precisava voltar um pouco às origens. Por que essa mudança?
Eu não saberia te dizer o motivo de tudo isso. Nós não planejamos as coisas, elas simplesmente aparecem. O segredo é como nos sentimos quando começamos a compor novamente.
Antes do “If Not Now, When?”, especialmente com “Light Grenades” e “A Crow Left of the Murder”, nos concentramos em criar um som com arranjos muito duros. Como se a música composta fosse muito intensa. Muito turbulenta. “If Not Now, When?”, foi a nossa maneira de abordar uma maneira muito mais simples de compor. E também de gravá-lo. Eu acho que era natural voltar a fazer o que estávamos fazendo antes.
No ano passado vocês lançaram “8”. Mas eu li em diferentes mídias que vocês pretendiam gravar mais material em 2018. Isso é verdade?
Nós temos falado sobre isso. Até agora não tivemos oportunidade de gravar nada, já que estivemos em turnê o tempo todo. Acho que poderemos gravar algo, ou pelo menos compor, no fim do ano.
Tem se falado muito sobre uma colaboração que você fez com Chino Moreno (Deftones) e que aparentemente você manteve guardado.
Sim. Quando gravamos “8”, Chino veio ao nosso estúdio e gravou algumas coisas com a gente e com o Skrillex. Temos algum material guardado e registrado, mas precisamos terminá-lo. Pode dar a sensação de que é muito fácil terminar algo assim, mas, acredite, não é. Todo mundo tem que estar satisfeito com o resultado. A gravadora tem que dizer se concorda com o material gerado. Eu gostaria que pudéssemos mostrar isso agora. Mas isso não é tão simples.
Ultimamente vocês se agradam do conceito de lançar EPs. É um passo que vocês consideram voltar em breve?
(Pensa) Eu não sei qual será o nosso próximo passo, de verdade. Nós vamos para aqueles lugares que sentimos que merecem ser explorados. Nossos fãs amam que lancemos álbuns, mas para um álbum sair, tem que nascer de uma maneira muito concreta e natural. Vamos ver, não temos nada planejado.
Lembrando... No próximo ano, será o 20º aniversário do “Make Yourself”. Vocês farão algum tipo de turnê para comemorar com seus fãs esse evento?
Eu não sei ... Talvez. Agradaria não é? Eu não acredito que já se passaram 20 anos desde o lançamento. É legal porque esse disco está conectado com um público realmente amplo no mundo todo. Nós definitivamente teríamos que fazer algo especial para celebrá-lo.
Abordando outras questões além do que aconteceu com o Incubus... Nos últimos anos você colaborou com Hans Zimmer, contribuindo com música em filmes como “O Espetacular Homem Aranha 2”. Já pensou em voltar a explorar esses tipos de facetas mais ligadas ao mundo cinematográfico?
Até agora, fiz muitos movimentos dentro desse território. Mesmo antes de “O Espetacular Homem Aranha 2” eu já havia trabalhado com Hans em vários filmes. Nós fizemos “O Cavaleiro Solitário” e ... bom, muitas outras coisas. Agora estou focado em estar com minha família. Eu tenho filhos agora. Na verdade eu tenho duas filhas gêmeas que nasceram 15 meses atrás. Demora muito tempo para fazer filmes e todas essas coisas. Então, se no próximo ano nós vamos fazer músicas novas, vou me concentrar nisso. Quando você tenta ir em direções diferentes, é fácil perder muito tempo. E também muita energia.
Então, de uma forma ou de outra, o Incubus é sempre o seu caminho principal.
É verdade que existem momentos diferentes e tempos diferentes, nos quais eu me meto a fazer outras coisas. Quando trabalhei com Avicii, Tyler The Creator ... e outras coisas em que tenho trabalhado. Mas agora eu não tenho nada planejado para esse tipo de projeto. Apenas Incubus.
Eu sabia que você tinha trabalhado com Avicii. Estes últimos anos têm sido realmente difíceis, de perdas que criaram queimaduras na história recente da quarta arte. Impossível não lembrar o caso desse garoto, Avicii, mas também de Chris Cornell ou de Chester Bennington, do Linkin Park. Qual desses três casos tocou você mais de perto? Pelo que entendi você conhecia todos os três.
Os três me afetaram. Eu não estava tão perto de Chris, embora tenhamos feito um show juntos. Tocamos juntos em uma época. É uma verdadeira tragédia quando isso acontece. As três mortes me deixaram em estado de choque. Eu não consigo dizer nada sobre isso. Foi chocante. Foi muito triste saber que alguém tirou sua vida porque estava passando por um momento muito ruim. É triste.
Em uma entrevista, você comentou que o Avicii tinha uma maneira muito infantil de ver música, no bom sentido da palavra, claro. Você conheceu recentemente algum outro artista com quem tenha te surpreendido, por ter uma maneira semelhante de ver e conceber a música?
Especialmente em todos os jovens artistas. Eles têm essa inocência e agem de acordo com seu próprio instinto. Avicii era como uma criança diante da música. E digo isso de uma forma positiva. Eu queria explorar todas as possibilidades possíveis. Estava obcecado com a música pop. Eu queria fazer a música pop perfeita. Foi como um quebra-cabeça para ele. Foi como uma criança. Você não podia levar o brinquedo embora de nenhuma maneira, porque era dele. E eu me sentia ligado a ele nesse sentido, porque sempre vi a música assim. Fazer isso e explorar todas as possibilidades pra mim sempre foi o mais gratificante. Estar perto desse tipo de energia é ótimo. Eu sinto o mesmo com o Skrillex. Eu sinto o mesmo com Tyler, The Creator. Eles são meus amigos e também são ótimos músicos.
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